domingo, 14 de outubro de 2012

Da imagem aos conceitos cartesianos!



O percurso de fundamentação do conhecimento em Descartes assenta naturalmente num mapa conceptual específico. A compreensão do itinerário cartesiano implica o esclarecimento dos conceitos que lhe são inerentes. Os conceitos de crença, de realidade, de sujeito e de objeto são nucleares no seu pensamento pelo que é fundamental promover e garantir a compreensão do seu significado. E, tendo em conta que o recurso a imagens (gráficas) pode constituir uma forma criativa e acessível de explorar o significado dos conceitos cartesianos, proponho uma atividade de correspondência entre uma imagem e o conceito que esta ilustra ou representa.



Conceito: REALIDADE
A imagem reflete o dualismo cartesiano que caracteriza a realidade, de um lado a res cogitans e do outro a res extensa. Ambas as substâncias são criação do sujeito, só existem a partir do sujeito, por isso achei interessante a imagem. Para Descartes a realidade é formada por um dualismo, res cogitans (substância pensante – o homem), e res extensa (Substância extensa – o mundo) o mundo físico está determinado pela extensão (material). Estas são as duas esferas da realidade, que comportam dois aspetos; o extensivo e o qualitativo. As duas realidades são criadas e sustentadas pela res infinita (Deus).

1-       Res cogitans (espírito): substância pensante, imperfeita, finita e dependente.
2-       Res divina (Deus): substância eterna, perfeita, infinita, que pensa e é independente.
3-       Res extensa (matéria): substância que não pensa, extensa, imperfeita, finita e dependente.


Conceito: CRENÇA 

Os nossos sentidos são muito enganadores, nem tudo o que vemos é o que parece, e muitas vezes os sentidos levam-nos a formar crenças falsas, e acho que a imagem reflete bem essa ilusão dos sentidos. A natureza que se mostra ao homem por meio dos sentidos, é algo totalmente inseguro. A alucinação, o engano dos sentidos, os nossos erros fazem com que não seja possível encontrar qualquer segurança no mundo. Agimos muitas vezes sobre crenças falsas. Então é preciso encontrar um método que nos conduza a crenças absolutamente verdadeiras, que não deixem margens para dúvidas. No seu livro Meditações da Filosofia Primeira, Descartes começa por examinar cuidadosamente todas as nossas crenças, fazê-lo individualmente seria uma tarefa sem fim, por isso, Descartes começa por procurar a certeza lançando a dúvida sobre uma classe de crenças no seu todo.

Conceito: SUJEITO


O sujeito para Descartes é uma substancia pensante, daí a alusão da imagem, vemos um ponto de interrogação que simboliza o pensamento e também vemos uma face que simboliza o sujeito. Descartes supõe que tudo é falso, mas depois conclui que há algo que não pode sê-lo, a sua própria existência. “Enquanto pensava que tudo era falso, era preciso necessariamente que eu, que o pensava, fosse algo; e observando que esta verdade: penso, logo existo, era tão firme e tão segura que ninguém pode duvidar”. (Discurso do método 4º parte). Para Descartes nós não somos mais que uma coisa que pensa, mens, cogitatio. Ego sum res cogitans. Não somos um homem corporal, somos apenas razão, a única coisa segura na nossa existência é o sujeito pensante.  

Conceito: Objeto


 
Os objetos para Descartes têm realidade objetiva , esta imagem é interessante porque mostra o corpo (um objeto), e o mundo ( os restantes objetos), a partir de um sujeito que os está a pensar. Descartes concluiu que aquilo que pensa (o sujeito) é alguma coisa diferente daquilo que é pensado (o objeto). Um objeto é um corpo que se caracteriza pela extensão, pelo movimento e também por um complexo de qualidades sensíveis. Mas só a extensão e o movimento têm realidade objetiva, ou seja, existem independentemente do sujeito. As qualidades sensíveis (som, cor, odor, sabor, etc.) são subjetivas, isto é, só existem na nossa consciência.

            Ricardo Carvalho